a dieta
Ninguém vive sem fazer uma dietinha de vez em quando, seja lá
por que for. A vantagem desta é que resolve várias coisas ao
mesmo tempo – excesso de peso, resistência à insulina, alergias,
depressão devido a muito açúcar e, claro, ataques de cândida.
A primeria fase, mais radical, deve durar até haver uma piora,
que é o lixo do fungicídio entrando em circulação. A partir daí
voltam alguns carboidratos e até queijos. Depois é só você ficar
atenta: quando chutar o pau da barraca, faça alguma coisa nos
dias seguintes para compensar.
dieta radical
Seu objetivo é reduzir drasticamente a candidíase, através de um
corte total dos carboidratos que a fazem proliferar. Sobram carnes,
ovos, muitos vegetais e iogurte. Isso começa logo a dar
resultados. Pode enlouquecer um pouco a vítima, que geralmente
é viciada em pão, queijo, chocolate, café, açúcar,
refrigerantes. Exige determinação, bom senso, perseverança e
muito chá de capim-limão. Mas até aí tudo bem, né?
Um dia dá uma dor de cabeça estranha, uma sensação de mal-estar,
desconforto sem motivo aparente. É a reação de Herxheimer,
ou “die off”, quando os sistemas de filtragem e eliminação do
organismo estão lidando com uma grande quantidade de células
mortas e toxinas. Pode acontecer depois de dias, semanas ou
meses, ser mais forte ou mais fraca, dependendo da situação.
Passa rápido e é o sinal de que o esquema está funcionando.
dieta suave
A partir dessa limpeza a dieta melhora. Entram o pão de fermentação
caseira, alguns cereais integrais, inhame, mandioca,
alguns queijos; mais frutas, um macarrão de vez em quando. O
ideal é ficar nesse patamar de seis meses a um ano.
Achou muito? Pois um ano é até pouco para recuperar a saúde
e a imunidade. Podem ser dois ou mais, dependendo da pessoa,
da extensão da coisa e dos cuidados acessórios como
acupuntura, homeopatia e outras formas de tratamento.
dieta esperta
Depois que os sintomas e sinais da candidíase desaparecem, a
ex-vítima pode voltar a comer e beber de tudo. Se algum sintoma
reaparecer, basta voltar à dieta radical por alguns dias.
Nada de grandes excessos. De tudo, mas não de mais, nem
dias seguidos, para não cutucar a onça. O segredo é: olho nela.
os critérios:
1 quantidade
Menos é mais. O pulo do gato é se acostumar a comer pouco.
No Pequeno tratado das grandes virtudes, o filósofo André Comte-
Sponville fala sobre a temperança. Diz que não se trata de não
desfrutar, nem de desfrutar o menos possível, o que não seria
virtude mas tristeza, não temperança mas ascetismo, não moderação
mas impotência; trata-se de desfrutar melhor.
“A temperança, que é a moderação nos desejos sensuais, é também
a garantia de um desfrutar mais puro ou mais pleno. É um
gosto esclarecido, dominado, cultivado.” Em vez de escravos
passamos a ser senhores dos nossos prazeres, diz ele. E quem
desfruta com liberdade também desfruta da própria liberdade,
ao passo que o intemperante é prisioneiro de seus desejos e
hábitos, de sua força e de suas fraquezas.
Ele cita um grande pensador do século 17, Baruch Spinoza,
para quem é próprio dos sábios usar as coisas e ter nisso o
maior prazer possível – mas sem chegar ao fastio, que não é
mais ter prazer. E coloca a temperança como um meio para a
independência, assim como esta é um meio para a felicidade:
“Ser temperante é poder contentar-se com pouco. Mas não é o
pouco que importa: é o poder, e é o contentamento.”
2 qualidade
Carnes, ovos e iogurte fornecem mais energia por mais tempo.
São valiosos nesta dieta, pois suprem necessidades importantes,
inclusive de gordura. Devem ser orgânicos. Se isso for impossível,
que sejam da melhor escolha, sempre visando a qualidade. É
melhor não comer carne de frango do que comer os mais baratos,
criados com promotores de crescimento e antibióticos que
favorecem candidíase e outros desequilíbrios.
A gordura é vital nessa hora porque fornece energia rapidamente
e ajuda a saciar. A gordura animal, incluindo manteiga,
costuma ser muito compatível conosco, mais do que a maior
parte das gorduras vegetais – entre as exceções estão óleo virgem
de coco, azeite extravirgem de oliva e óleo de gergelim
orgânico, prensado a frio, cru.
Todos os vegetais, se possível, também orgânicos. Além de melhores
são mais saborosos. E folhas, muitas folhas. Alimentação
de boa qualidade inclui generosas porções de folhas verdes em
todas as refeições. Elas são ricas em vitaminas, minerais e fibras,
compensam o peso dos produtos animais e contribuem
decisivamente para o equilíbrio da digestão.
Muito importante: comida fresca. Comida na geladeira começa
a produzir fungos em 24 horas. Se você vai preparar cereais,
feijões e carnes para vários dias, melhor dividir em pequenas
porções e congelar, mas sabendo que não é o ideal.
3 autoconhecimento
Em primeiro lugar: calma. Você pode fazer essa transição no
ritmo que quiser. Claro que, comendo e bebendo certas coisas,
sabota completamente o sacrifício. Às vezes é assim mesmo, paciência.
Porém, quanto melhor o seu desempenho pessoal, mais
rápida a faxina. A vítima resolve virar o jogo e se compenetra.
No início tem que ter muita força de vontade. Depois o controle
vem naturalmente e a liberdade de comer de tudo fica muito maior.
Se puder assumir as compras e o preparo da sua comida, melhor.
Escolhas conscientes e o fazer delicado da cozinha podem
adicionar um grande contentamento.
o que atrapalha
comer demais e/ou engolir sem mastigar
O que não pode ser bem digerido atrapalha o estômago e os
intestinos, vira muco, fonte de bactérias de putrefação e alimento
para todos os bichos que dão em gente, sobretudo fungos. A
digestão começa na boca. Mastigar bem é tão essencial quanto
escolher bem a comida.
belisquetes
Mobilizam à toa o sistema digestivo, que vai perdendo o ritmo
natural do ciclo de alimentação e eliminação; fora que a qualidade
dos belisquetes também não costuma ser grande coisa.
doces
Açúcar, mel, melado, maple, malte, xarope de agave, frutose,
karo: não escapa um.
líquidos industrializados
Cada célula do corpo precisa de água; qualquer substância a
mais na água exige que o organismo todo trabalhe para administrar
sua presença lá dentro, ou seja, desgaste inútil.
laticínios
Leite, queijos, requeijão, creme de leite, iogurtes e coalhadas
pasteurizados e produzidos por processos industriais, com ou
sem frutas, costumam ser mal digeridos pela maior parte da
humanidade.
produtos de padaria
Pães, bolos, biscoitos e congêneres, feitos com farinha
refinada e fermentos prontos, mais aditivos e conservantes,
são grande estímulo para fungos. Mesmo integrais.
cereais
Arroz branco, arroz integral, milho seco e verde, seus cremes e
farinhas, amidos, féculas: banidos pelo alto índice glicêmico.
Ressalvas para arroz integral cru, brotado e tostado quando
aparecerem em algumas receitas deste livro.
tubérculos e suas farinhas
Batata-inglesa, batata-doce, batata-baroa; farinha de mandioca;
amidos, féculas, polvilhos, goma, tapioca, maisena: alto
índice glicêmico e potencial fermentativo.
as solanáceas
Tomate, pimentão, berinjela, jiló, batata-inglesa e jurubeba são
dessa família. Pioram os sintomas artríticos da candidíase.
gordura
Frituras, temperos e molhos que contêm óleo, maionese comercial,
manteiga e óleo rançosos e/ou reutilizados para fritar,
margarina, carnes gordas, pele e gordura de ave de criação
industrial, queijos, creme de leite, chantilly, sorvete: gordura ruim.
produtos animais em conserva
Salsichas, linguiças, bacon, todos os defumados, fiambres e patês,
frios e similares.
soja não fermentada
Leite de soja, tofu, proteína de soja, sojinha torrada e qualquer
outra possibilidade comestível que tenha soja no meio.
frutas
Melões, bananas, maçã, uvas, manga, abacaxi, mamão, laranja,
tangerina e a maioria das frutas, doces e ácidas.
frutas secas
Ameixa, damasco, tâmara, uvas-passas, banana-passa etc., além
de frutose quase sempre têm fungos e resíduos de inseticidas.
oleaginosas
Nozes, castanhas, amêndoas, amendoim e sementes oleaginosas
em geral, em parte por serem muito sujeitas a fungos e
radicais livres, em parte porque é difícil mastigá-las a ponto de
se desmancharem, o que torna sua digestão lenta e permite que
pedaços passem inteiros para os intestinos, onde vão se tornar
ilhas de micróbios. Isso pode ser atenuado quando se deixa de
molho uma noite, mas elas têm que ser de boa procedência e
perfeitas, sem machucados e pontos pretos. Amêndoas são as
menos ácidas.
condimentos
Temperos prontos, cubinhos de caldo de carne, frango e vegetais,
molhos prontos em geral, por falta de qualidade.
estimulantes
Café, chá-preto, guaraná e cacau em pó, que contêm cafeína,
afetam o equilíbrio do açúcar no sangue e excitam o sistema
nervoso, que neste momento precisa ficar calmo.
álcool
Bebidas alcoólicas são açúcar fermentado.
produtos industrializados em geral
Refrigerantes, adoçantes artificiais, sucos em caixinha e sucos
em geral, refrescos prontos, bebidas isotônicas e similares: produtos
químicos podem artificializar a comida a ponto de torná-la
um não-alimento tóxico.
o que ajuda
Para não ter ansiedade, e porque esta dieta dá fome, no início
se pode fazer até seis pequenas refeições ao longo do dia:
desjejum, lanche, almoço, lanche, jantar, ceia.
Comer pouco, desfrutando do prazer de saborear. A cada três
horas tem mais. Tudo em pequena quantidade para não sobrecarregar
o sistema digestivo. Tudo fresco, gostoso, esbanjando
qualidade. E mastigar bem, de modo a produzir bastante saliva,
o que além de gerar mais saciedade vai ajudar a ter uma boa
digestão, rica em enzimas.
Quando já tiver superado os sintomas, o ideal é voltar às três
refeições diárias. Ou seja: aproveite, pois essa comilança não é
para sempre.
leite e vegetais lactofermentados
Conservas de leite, como iogurte e coalhada caseiros, feitos com
os lactobacilos certos para recolonizar os intestinos; quem não se
dá bem com a proteína do leite pode usar apenas o soro, bebido
puro ou acompanhando as refeições. E conservas de vegetais,
folhas e frutos, que fornecem enzimas além de lactobacilos.
ovos caipiras
Esta dieta precisa muito deles porque contêm biotina, vitamina do
complexo B que impede a transformação dos fermentos em
micélios, as formas invasivas dos fungos. São 16mcg de biotina
em uma gema de ovo. É a principal sugestão para comer de
manhã: ovos quentes, clara dura e gema mole. Temperar com
cúrcuma (Curcuma longa, açafrão-da-terra) e orégano ou salsinha.
fígado e rins
Figado de galinha, fígado e rins de boi também são ricos em
biotina. Mais do que a gema do ovo: há 100mcg de biotina em
50g de fígado de galinha e 30 a 40mcg/100g em fígado e rins
de boi. A absorção da biotina é reduzida ou impedida pela presença
de álcool, clara de ovo crua, cafeína, drogas à base de
sulfa e radicais livres.
O problema é conseguir essas vísceras de boa qualidade. O
fígado tem que ser vermelho/marrom, de textura firme e cor
uniforme. Amarelado ou róseo não serve.
carnes, aves, peixes, frutos do mar, ovas
Todos eles, sendo de boa qualidade, em pouca quantidade, vão
fornecer vitaminas, minerais e energia. Nunca fervidos, fritos,
grelhados; faça no forno, na chapa, na panela, de preferência
malpassados para favorecer a digestão e os nutrientes. Ceviche
– peixe ou frutos do mar curtidos em limão e cebola – é uma
boa ideia nesta hora. Carne de porco não se recomenda.
Porções pequenas, bem mastigadas. No jantar, se for o caso, as carnes brancas contribuem para um sono melhor, enquanto as vermelhas o agitam.
Na composição do prato, as carnes devem ocupar mais ou menos
a sétima parte em peso – uma de carne, uma de cereais ou
tubérculos (dieta suave), cinco de vegetais.
vegetais crus ou crocantes
As enzimas, como já sabemos, entram em cena para melhorar a
qualidade de todos os líquidos internos, portanto das células,
dos tecidos, da imunidade. Isso quer dizer vegetais crus, lactofermentados
ou ligeiramente cozidos. Com fartura.
Temperar com shoyu e missô, ambos de fermentação natural e
não pasteurizados, acrescenta enzimas e nutrientes tanto aos
vegetais crus quanto aos cozidos e assados.
limão
O limão é um caso à parte entre as frutas. Além de ser rico em
vitaminas, especialmente C, e minerais, seu altíssimo teor de
ácido cítrico se transforma no estômago em sais alcalinos – como
citrato de sódio, carbonatos e bicarbonatos – que normalmente
neutralizam rapidinho qualquer fermentação perversa no estômago
e nos intestinos. Poucas gotas fazem muito efeito.
Diz a cientista Conceição Trucom, em O poder de cura do limão,
que ele “realiza uma reengenharia da qualidade hídrica de todo
o organismo, beneficiando assim (...) todos os sistemas e órgãos
vitais”. Faz isso “estabilizando uma condição levemente
alcalina em todos os líquidos corporais, seja no sangue, na linfa,
no líquido crâniossacral ou nos líquidos intra e extracelulares. E,
o que é mais importante, essa estabilização levemente alcalina
dos líquidos corporais, que é um pH entre 7,36 a 7,42 , é,
metabolicamente falando, a condição ideal para todos os processos
orgânicos acontecerem da forma mais equilibrada e harmônica.
Ou seja, saúde, preservação e prevenção”.
O problema, como sempre, é o excesso: muito limão pode
alcalinizar demais as mucosas, o que favorece a cândida. Observe
seus sintomas e, se piorarem, deixe o limão quieto.
cereais integrais, cozidos e brotados
Cereais integrais não entram na dieta radical. Se a vida se tornar
impossível sem eles, passe para a dieta suave, onde entram
uma ou duas colheres de painço, trigo-sarraceno tostado (kasha),
centeio, aveia, cevada, amaranto ou quinoa, equivalente à sétima
parte da refeição em peso. Mastigando muito bem, porque
é a mastigação que torna os cereais mais alcalinos.
A boa dica é sempre deixar de molho por uma noite.
Torrar ligeiramente na frigideira antes de cozinhar também é
bom, reduz um pouco o amido e abre a película dos grãos.
Grãos germinados de arroz, cevada e painço,
passados ligeiramente pela wok (frigideira grande, profunda) com óleo de coco
ou gergelim, são muito ricos em enzimas digestivas e empregados
na medicina tradicional chinesa como alimento contra distúrbios
digestivos. Segundo Paul Pitchford, em Healing with whole
foods, eles são antifúngicos, e também os grãos germinados de
centeio e quinoa. Pitchford assegura que numa dieta contra cândida
qualquer um desses grãos pode representar 20% do peso
da refeição, e os mesmos grãos, brotados, mais 20%.
Considera-os uma opção mais saudável do que as carnes.
pão integral de fermentação caseira
O pão integral de fermentação caseira pode ajudar na dieta se
comido com moderação – digamos, duas fatias, sempre torradas,
de manhã, com óleo virgem de coco, azeite de oliva ou
manteiga, par acompanhar os ovos quentes.
O processo longo de fermentação do pão quebra o glúten e elimina
a maior parte dos fitatos do trigo, que nos pães de
fermentação muito rápida permanecem.
A utilização de fermentos e aditivos nos produtos de padaria,
historicamente recente, é que os torna mais daninhos.
Olho vivo: se o pão caseiro der gases ou aumentar sintomas,
está atrapalhando.
cará, inhame-do-norte e aipim (Dioscorea sp.,
Manihot sp.)
São tubérculos que não entram na dieta radical, mas podem ser
alternados com os cereais integrais na dieta suave, moderadamente,
cozidos ali na hora, especialmente no jantar. Observe o
efeito para decidir qual o mais conveniente.
batata yacon (Polymnia ou Smallanthus sonchifolia)
Esta pode entrar todo dia. É uma raiz tuberosa docinha e
crocante, parecida com maçã e pera, originária dos Andes. Por
fora parece batata-doce. É rica em vitaminas A, B1, B2, C – e
fibras, que retardam a absorção de açúcar pelos intestinos e
contribuem muito para a sensação de saciedade. Dá frescor à
refeição, como o pepino. É servida crua ou crocante. Sempre
que descascar ou cortar, passe limão para ela não ficar escura.
Muito boa em sucos de vegetais: fornece líquido.
inhame taro (Colocasia esculenta)
O inhaminho, aquele pequeno e cabeludo, não é tubérculo: é
cormo. Considerado hipoalergênico e de fácil digestão, bem
como grande reconstituinte de funções imunológicas, pode ajudar
muito nesta dieta, comido com moderação. Limpa os
intestinos e depura o sangue.
Os havaianos fermentam o inhame taro cozido e amassado com
um pouco de água, deixando-o à temperatura ambiente por
dois ou mais dias para obter o poi, ou poi poi, alimento básico
de crianças, adultos e idosos, guarnição de peixes e frutos do
mar, substituto do mingau no desjejum. Atribuem ao poi sua
notável saúde e baixa incidência de cáries.
Relatos interessantíssimos dão conta do efeito tremendamente
medicinal do poi para o sistema digestivo. O sabor, porém, é
pouco atraente da primeira vez, e é preciso ter muita firmeza
para tentar a segunda.
folhas verdes
As folhas verdes são insubstituíveis, portanto indispensáveis, nessa
dieta. Primeiro porque é preciso limpar os intestinos, segundo
porque é preciso fornecer clorofila para renovar o sangue, terceiro
porque elas são riquíssimas em nutrientes.
Todas: repolho, acelga, couve, chicória, alface, agrião, couvechinesa,
repolho, caruru, bredo, rúcula, bertalha, brócolis,
mostarda, almeirão, serralha, caruru, beldroega, ora-pro-nóbis,
vinagreira, jambu e por aí afora.
Silvestres ou da horta, cruas ou cozidas, elas são tudo de bom.
Cruas, têm vitaminas, minerais, fibras e enzimas, portanto são
ideais para abrir a refeição – ou fechar, conforme o freguês e a
cultura. Cozidas perdem as enzimas, a não ser que sejam
passadas apenas rapidamente numa frigideira, tipo wok, e sua
temperatura interna não ultrapasse os 47oC.
Chicória e bertalha, refogadinhas, são as campeãs da faxina
intestinal. Dieta com elas vai mais depressa e incomoda menos.
folhinhas verdes
Como diz Jamie Oliver, o melhor que uma pessoa pode fazer
por si é incluir muitas folhinhas miúdas e aromáticas em suas
refeições: salsa, cebolinha, hortelã de vários tipos, coentro,
manjericão, funcho, manjerona, orégano, erva-de-santa-maria,
alecrim, capim-limão e outras, que também podem ser mascadas
a qualquer momento ou aromatizar a água fresca.
folhas lactofermentadas
Elas têm a vantagem de se conservar por muito tempo e tornar a
refeição mais prática, sem por isso perderem enzimas e vitaminas
feijões secos
Para efeitos da candidíase, os feijões secos são carboidratos e
não entram na dieta radical, só na suave.
feijões-verdes e seus brotos
Vagem, feijão-verde de qualquer tipo, ervilhas verdes frescas e
brotos são liberados.
vegetais sem ou com pouco amido
Abóbora, nabo comprido, cenoura, rabanete, yakon, beterraba,
chuchu, vagem, quiabo, maxixe, pepino, aipo, couve-rábano,
funcho, cebola, alho, gengibre, alho-poró, alcachofra, brotos
de alfafa, de feijão, de bambu...
sementes e grãos germinados & seus brotos
De trigo, feijão, gergelim, girassol, abóbora, linhaça, castanhas,
amêndoas, amendoim, de preferência no almoço, crocantes.
pepino e melancia
Refrescam e ajudam o corpo a eliminar água, o que favorece a
desintoxicação. A parte branca da melancia, com casca e tudo,
é um poderoso diurético para usar pela manhã. Pode ser utilizada
em chá ou em conserva salgada.
frutas possíveis
Poucas: amoras, moranguinhos, framboesas silvestres e outras
frutinhas vermelhas, as berries; romã, goiaba e melancia, moderadamente
– uma hoje, outra amanhã, e assim mesmo só no
intervalo entre as refeições, nunca de sobremesa. Vale fazer gelatina
de uma das frutas com ágar-ágar, gelatina de algas, que
se compra em lojas japonesas ou de produtos naturais. O modo
de usar vem escrito na embalagem.
alho cru
Seu valor no combate à cândida, comprovado em inúmeros estudos,
mostra que ele é mais poderoso do que violeta genciana,
nistatina e outros renomados fungicidas, inclusive para uso tópico.
Pode ser alho fresco, cru, mastigado ou amassadinho e
incorporado à comida; azeite de alho feito em casa; cápsulas
de óleo de alho; pílulas de alho.
cogumelos
Muitos cogumelos, comestíveis ou em cápsulas, ajudam a combater
a cândida porque fortalecem o sistema imunológico e
regeneram células; entre eles portobelo, shiitake, shimeji, agaricus,
ganoderma ou reishi (orelha-de-pau) e o champignon comum. É
equivocada a ideia de que comer cogumelos, que são fungos,
faz aumentar os fungos patogênicos.
estévia (Stevia rebaudiana)
É o único adoçante concentrado que não tem efeitos colaterais.
No início se percebe um gostinho diferente por trás do sabor
doce, como em todo adoçante; mas paladar também é hábito,
a gente se acostuma. Fermentado, o extrato é microbicida. O
chá é gostoso e ajuda a fechar a refeição.
algas marinhas
Além de muito ricas em sais minerais, elas limpam o sangue, regulam
as glândulas, rejuvenescem e matam fungos, com seu alto
teor de iodo; o caldo de alga kombu é poderoso.
iodo
Candidíase, hipoglicemia e hipotiroidismo também podem estar
ligados à carência desse poderoso fator de equilíbrio para a saúde.
Iodo é um mineral especialmente concentrado nos hormônios
da tiroide, que controlam a taxa metabólica, o crescimento, a
reprodução, a formação de células sanguíneas, as funções nervosas
e musculares e a temperatura corporal. Só.
Como a distribuição de iodo no meio ambiente é desigual, certas
áreas, sobretudo as mais distantes do mar, produzem alimentos
que não fornecem iodo em quantidade suficiente ao ser humano;
isso gera doenças características de disfunção da tiroide, como
bócio, ou papada, e retardamento mental; por isso decidiu-se
acrescentar iodo ao sal de cozinha. Em 1983 havia 400 milhões
de pessoas com carência óbvia de iodo nas regiões mais pobres
do mundo, e 112 milhões nas regiões mais ricas.
Doses excessivas de iodo também podem deprimir a atividade da
tiroide, produzindo sintomas similares aos da carência. Sinais de
alarme: fome descontrolada, aumento de peso, ansiedade,
taquicardia, suores, proeminência dos olhos.
Deveríamos consumir diariamente de 0.15 a 0.20mg de iodo,
dizem os livros. Mas japoneses consomem quase 100 vezes mais:
15 a 18mg de iodo diários. Essa alta dosagem pode ser facilmente
obtida pela inclusão de algas kombu, ágar-ágar, arame
ou hijiki na alimentação e equivale a 2 gotas de iodo na solução
do dr. Lugol (5% de iodo, 10% de iodeto de potássio e 85% de
água). O iodo é um poderoso fungicida, e a alga kombu também.
Daí sua extrema importância na candidíase.
coco-da-baía(Cocus nucifera)
O coco maduro fresco (aquele marrom, de casca seca) é um
grande aliado nesta dieta. Seu óleo é antimicrobiano e fungicida,
para uso interno e externo. A polpa pode ser comida aos pedaços
ou ralada para acompanhar a comida. O leite de coco dá
sabor e qualidade a muitos pratos. O creme, que se forma na
superfície do leite de coco fresco que fica na geladeira, é uma
delícia. Mas tem que ser natural, feito em casa, porque o da
garrafinha tem conservantes, não é absolutamente medicinal.
óleo virgem de coco
É a melhor gordura para quem tem candidíase, pois tem ácido
caprílico e quase 50% de ácido láurico, que aumentam a imunidade
e são eficazes contra qualquer fungo. Pode ser consumido
puro, uma colher de sopa de manhã, em jejum, e outra ao deitar,
longe da tomada de lactobacilos e bebidas lactofermentadas.
Substitui azeite e manteiga em qualquer prato que combine com
coco. Também é maravilhoso para passar na pele, nos cabelos,
nas partes mimosas, entre os dedos dos pés, nas unhas.
Fica sólido e opaco em temperatura baixa, às vezes muito duro.
O que vai ser usado pode ser ligeiramente aquecido em banhomaria.
Melhor não fazer isso com o pote todo, pois quanto mais
estável for a temperatura, melhor para o óleo.
É gordura saturada sim, mas inteiramente do bem. Não sobrecarrega
o fígado e ajuda a baixar o colesterol e os triglicerídios,
além de regular a tiroide.
Óleo “extravirgem” de coco não existe, é firula do fabricante
para impressionar incautos. Essa denominação é exclusiva do
azeite de oliva. O óleo virgem de coco é extraído da polpa fresca
do coco maduro e não da polpa seca, chamada copra.
É comum o óleo virgem de coco ficar rançoso, graças a embalagem
e transporte inadequados. É bom abrir, cheirar fundo e provar
logo após a compra – o sabor deve ser fresquinho até o fim, o
aroma sem qualquer fundo de ranço. Caso não sejam, devolva.
azeite extravirgem de oliva
Um dos mais antigos produtos artesanais da nossa civilização:
há milênios é feito do mesmo jeito. Alguns azeites ainda vêm de
pequenos olivais e a azeitona é moída em moinho de pedra.
Cru ou em refogados rápidos: até 2 colheres/sopa por dia.
Também é bom para pele, cabelos e partes mimosas, tanto das
garotas quanto dos rapazes. Dá cheirinho de salada.
manteiga sem sal
Para colocar no seu ovinho e derreter sobre alguma coisa quente.
A manteiga pura é tida pelos médicos ayurvedas como uma
gordura de ótima qualidade, desde que seja de boa procedência
e não esteja rançosa – compre fresquinha e guarde na
geladeira, numa embalagem que impeça a entrada de ar e luz.
Colesterol? Não se preocupe. Se a sua taxa for alta, esta dieta
provavelmente vai fazer com que ela desça a níveis normais, já
que açúcar e frutose são mais formadores de colesterol no sangue
do que o próprio colesterol dos ovos e da manteiga.
psyllium (Plantago psyllium , P. ovata)
O psyllium, tal como a linhaça, é uma sementinha muito rica em
fibras, mucilagem e óleos; absorve água e é usada há séculos
no Mediterrâneo e no Oriente Médio para dar ao bolo fecal a
consistência adequada, regularizando o trânsito.
ajuda
O psyllium contribui para retardar o esvaziamento do estômago
e a absorção de glicose no intestino delgado, portanto favorece
todas as dietas. Ajuda a reduzir o mau colesterol. Limpa os resíduos
das paredes intestinais e assim aumenta o controle da
candidíase. Seus óleos, lubrificantes, deixam as fezes pastosas.
Não tem contraindicações. Deve ser ingerido com muita água.
linhaça (Linum usitatissimum)
A linhaça se assemelha ao psyllium em termos de fibras, mas
seus óleos são mais valorizados e fartos. Isso quer dizer que ela
só deve ser moída para usar na hora. Toda gordura oxida em
contato com o ar, produzindo radicais livres.
Quando absorve água, a linhaça incha. Aparece a parte fofinha
e viscosa da fibra recobrindo a semente. É ela que ajuda os
intestinos e permite a absorção dos preciosos óleos.
linhaça batida com água e limão
1 copo de água filtrada
1 colher/sopa de sementes de linhaça dourada
gotas de limão
Deixar a linhaça de molho durante a noite na água filtrada. De
manhã bater ambas no liquidificador com algumas gotas de limão
e beber devagar, salivando bem.
óleo de fígado de bacalhau
É indicado para suprir a deficiência de vitaminas A e D nas dietas
modernas e ajuda muito nos casos de candidíase, por fornecer
ácidos graxos insaturados que trabalham com os ácidos graxos
saturados do óleo de coco. Vem em cápsulas e frasco.
pólen de abelhas
Contém muitos nutrientes, inclusive proteínas, e pode ser parte
de um lanchinho. Comer 1 colher de sopa por dia, de uma vez
ou aos poucos, deixando dissolver devagar na boca.
sal e temperos
Todos os temperos são densos, intensos, penetrantes. Interferem
nos processos do organismo, têm princípios ativos. Mesmo o
sal, uma coisa tão corriqueira, produz efeitos quando é usado
de modo medicinal. Melhor errar para menos.
água e chá
Sujou, lavou. Beber água é fundamental, mais ainda quando se
quer limpar tudo. São 8 copos de líquido por dia:
2 ao acordar
2 antes do almoço
2 à tarde
2 mais tarde,
ou aos golinhos durante o dia todo.
Chá quente ou frio, água fresca com ou sem gotas de limão,
água de ervas, caldo de vegetais, animais ou cogumelos, limonada
adoçada com estévia, kvass de beterraba, soro de coalhada
ou iogurte – sempre um tempo após as refeições, tipo uma hora
e meia, para limpar os resíduos.
Beber água quente é muito benéfico para o corpo, que gosta de
se manter aquecido e gasta calor para funcionar. Qualquer
pouquinho de água quente depois de comer já ajuda a digestão.
Uma xícara pequena de chá, após as refeições, pode proporcionar
mais que conforto: prazer.
aos golinhos
Bebida aos golinhos, água fresca com ou sem gotas de limão
tem um efeito alcalinizante muito positivo sobre os resíduos da
digestão, especialmente cerca de hora e meia depois de comer.